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A FASE ADULTA

  • Foto do escritor: Emanuelle Siqueira
    Emanuelle Siqueira
  • 30 de abr. de 2017
  • 4 min de leitura

A ideia de ser um adulto em um corpo de criança é um pouco assustadora. Você tem a voz de uma criança de 12 anos, corpo de uma menina de 15 anos, e uma mentalidade que apesar de madura, quando se junta com os amigos pode deixar a desejar. Apesar de ser independente, as pessoas te olham e não te levam muito a sério, nem mesmo as crianças. Elas só querem que você brinque com elas, mas não entendem que você quer estar lá na rodinha de conversa com os “adultos”. Se uma criança te ver com um copo de cerveja na mão, então é o fim. Uma vez fui abordada por uma menina de cinco anos que me perguntou por que eu estava bebendo cerveja. Segundo ela, isso é feio e é coisa de homem. Meio machista a garota né? Será que a mãe dela não bebe? Enfim, fiquei sem reação e me retirei do local. Acho que me senti um lixo, depois da patada que levei. Quem diria que uma criança tão pequena, poderia ter um pensamento como aquele. Acredite se quiser.

Fazer coisas de adulto nem sempre é legal. Você tem que trabalhar, estudar, cuidar da casa, fazer compras, cozinhar, lavar a louça, lavar roupa, socializar, arrumar tempo pra descansar, e ter responsabilidade (o grande X da fase adulta). E isso tudo em um período de 24 horas, ou seja, não é fácil. Não que eu não seja responsável ou que não goste de fazer essas coisas. Mas às vezes você só quer voltar ao tempo de criança e não se preocupar com nada. Ter alguém pra fazer tudo pra você, acordar e já ter comida pronta na mesa, fazer as tarefas escolares que são ridiculamente fáceis, ficar o dia inteiro atoa só brincando com os amigos ou assistindo TV...Ahhh que tempo bom! O problema é que quando a gente é criança não valoriza esses momentos, não vê a hora de crescer e se tornar adulto. Porque será que pensamos assim? Meio louco né?

No ambiente de trabalho você se sente deslocada, a “diferentona” do pedaço. Todos saem pra beber, mas não te convidam. Afinal você é um baby na cabeça deles. Nas confraternizações perguntam qual refrigerante você gosta. Quando a resposta é Tequila. O susto é enorme, já que todos acham que você não bebe álcool. É sempre chamada de fofa pelo seu jeito doce de falar com essa voz de menininha. Não, eu não sou FOFA, entendam isso! Sou bem grossa quando quero ser, mas pra tudo tem a hora certa e o momento certo. Aos poucos você vai demonstrado que é mais forte do que aparenta ser. Quando alguém te chama atenção você não chora, mas assume o erro e tenta melhorar. E se tiver certa prova sua verdade, e não abaixa a cabeça. Mas sempre vai ter aquele que julga errado, não tem jeito. E você tem apenas que aceitar, ou fingir demência pra não se estressar.

Procurar um apartamento pra morar também pode ser um pouco constrangedor e “assustador”. Veja bem: você entra na imobiliária e os olhares já te julgam. Algumas vezes você vai ser levada a sério, outras nem tanto. Algumas pessoas vão tentar te empurrar os lugares mais caros achando, que você não entende nada e não sabe o que está fazendo. Outras vão te empurrar aqueles prédios caindo aos pedaços que são bem baratos, por que acham que você não deve ter como pagar. Ah, e tem aquela pergunta: é pra estudante? Será que eu não tenho cara de que trabalho? Minha vontade é de esfregar o contracheque na cara da pessoa, mas vamos relevar. E a vaga na garagem? Esquecem de mencionar, acho que propositalmente, já que não aparento ter idade pra ter uma habilitação. Coitados, não sabem de nada inocentes!

A sensação de pegar a chave e ir visitar um apê é a melhor. Você literalmente se sente um adulto. O que assusta são os barulhos e vozes estranhas que surgem do nada e te fazem correr dali. Portas que não tem chaves e não se sabe pra onde vai (mistérios a se decifrar). Aí você entra em uma imobiliária o corretor diz que só trabalha com venda, você sai, e minutos depois ele te procura e diz que tem um imóvel pra alugar e te convida pra ir até lá no carro dele. E aí, você vai ou fica? Na dúvida vá a pé, afinal sua mãe sempre disse pra você não entrar em carro de estranhos. Mas você não é mais criança, é só encarar as coisas naturalmente. Tá com medo de que? Mas sua amiga, também “adulta”, que te acompanha nessa jornada não pensa duas vezes em ligar para o 190. Você diz que não tem necessidade. Mas ela insiste em não entrar em um apartamento com um estranho. “Cagando” de medo ela liga para os pais e pede ajuda. Eles não deram muito importância já que isso é normal, mas acho que depois ficaram rindo dela. Enfim, deu tudo certo. Mas essas paranoias que a gente tem, só mostra que ainda não estamos totalmente preparados pra encarar essa fase adulta. Acho que vou entrar na lista de adoção, será que adotam crianças adultas?

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